terça-feira, 31 de março de 2009

Tossa De Mar - Momentos

Terminou a narração do que eu chamo as memórias das minhas férias do ano de 1997.

Escrever tudo isto dá um enorme gozo, dessa forma quase que tenho férias em duplicado, é que durante a escrita “revejo” todo o filme das férias.

Neste ano de 1997 , já fiz muitas viagens, umas curtas outras um pouco mais longas, mas são viagens e eu adoro viajar. De forma alguma posso comparar estas férias com as férias do ano transacto, essas como disse na altura foram de luxo .

Esta foi a minha grande viagem deste ano, vi locais fantásticos, alguns deles por engano, nomeadamente Cap D’agde em França, fiquei encantado com aquilo e na altura com uma francesa que lá estava, mas este último ponto era o que menos preocupava no momento, apesar de tudo isso mexer um pouco. Foram umas férias quase perfeitas, não fosse o esquecimento da chave na mala do carro e o acidente que vi à entrada de Madrid, apesar de ter visto muitos acidentes, tudo tinha sido perfeito, esses foram os momentos mais marcantes da semana pela negativa. Os pontos positivos foram imensos, não dá para os resumir, eles são descritos na crónica.

Recordei um ano de ouro para mim em termos futebolísticos, recordei a minha inesquecível viagem a Viena de Áustria, passei por locais onde tinha passado nessa célebre viagem e nunca mais lá tinha passado, foi o caso de Barcelona. Adorei a cidade, achei que tem um ambiente louco. É difícil dizer se é a melhor cidade por onde passei até hoje, já estive em grandes cidades europeias e todas elas têm a sua beleza, escolher a melhor é difícil, mudei foi a opinião que tinha de Madrid, de cidade que detestava, passou a ser uma cidade que gosto imenso, não existe nada melhor do que se conhecer as coisas para se poder avaliar.

É este o balanço que faço da semana de férias. Acabou por ser positivo, mas queremos sempre mais, e por isso mesmo já começo a pensar nas férias que ainda me faltam, onde irão ser passadas não sei mas alguns locais se começam a perfilar na minha mente, dois deles são regressos.



Tossa De Mar - Encontros e Desencontros X

Domingo, 10 de Agosto de 1997.

Apesar de a noite não ter sido bem passada, tudo devido ao acidente da véspera, tirou-me o sono, acordei durante a noite várias vezes, mas apesar disso e como o que é bom termina depressa, estas férias terminavam neste dia, estávamos na derradeira etapa. A manhã estava prevista ser passada nesta enorme e magnifica cidade, é uma cidade completamente diferente de Barcelona, cada uma ao seu estilo, Barcelona vive um ambiente mais louco, aqui é tudo “mais ajuizado”. Gostei imenso de ver as fontes em Madrid, é uma cidade interior, e toda aquela água a jorrar das muitas fontes da cidade dá um certo ar fresco, é agradável ver aquilo, Barcelona fica muito aquém nesse aspecto.

Fomos á plaza mayor, fotografar e filmar, estava o Miranda a filmar quando vi do lado oposto ao que ele filmava uma rapariga aparecer à janela em lingerie, abriu o apetite, já tinha tomado o pequeno almoço no hotel, tinha sido bolos e sumos de laranja, não daquilo, aquilo era bem melhor. Sugeri ao Miranda que filmasse, mas era tarde, ela recolheu aos seus aposentos.

Fomos à praça de Cibeles, magnifica fonte e com belas estátuas, depois fomos à praça de Colombo, outro local magnifico. Aqui tinha um homem com um cartaz a maltratar o regime cubano, andavam por ali uns tipo amarelos, não sei se chineses, japoneses, não interessa, ficaram a olhar para aquilo e fotografaram, nós fotografamos as belas coisas que ali existem. Depois fomos às portas de Alcalá, outro local bonito, e muito mais tínhamos para ver, o tempo é que não permitia. Estava quase no fim a nossa estadia aqui, mas claro que não podíamos partir sem visitar uma catedral, fomos ver a que existe junto ao palácio real, existe uma outra e fica perto dali, mas ficamos por esta. Filmamos e fotografamos o palácio real, faltava outro monumento de interesse o Santiago Barnabéu.

Quando chegamos ao palácio real, vínhamos da praça de Espanha, mais fotos gastei. Quando decidimos partir para o estádio do real, vimos que tínhamos estacionado o nosso carro quase ao lado do carro dos velhotes, não sabíamos se o carro deles já lá estava quando chegamos ou se chegaram depois, no entanto não os vimos.

Partimos, fomos para o estádio, estava fechado. Como estava fechado pensamos iniciar a viagem de regresso a casa. O tempo ameaçava chuva, já tínhamos apanhado alguma chuva quando estávamos na plaza mayor, molhei os meus cabelos.

Abandonamos Madrid, desta vez não nos enganamos no caminho, também não tinha que enganar, pensávamos que se desse tempo íamos visitar o Vale dos Caídos, é onde está sepultado o Franco, como o tempo piorou e começou a chover, a visita ficou adiada para outra oportunidade, falta saber quando será.

Entramos na estrada nacional, aproveitamos a auto estrada até onde era de borla, quando era a pagar, fomos para a estrada nacional. Em S. Rafael paramos para meter Gasóleo e não Diesel como é em quase toda a Espanha, também estávamos num posto da Galp.

Quando partimos de Madrid, o carro estava com 58990 km. e ainda ia fazer muito mais.

A chuva passou, e como não se via policia, deu para carregar um pouco mais no pedal. Vimos as placas de El Escorial, não dava para ir ao Vale dos Caídos, seguimos. Passamos em Villacastín, a próxima localidade com algum significado era Ávila. A paisagem nada tinha de especial, o tempo como estava convidava a andar, devorávamos km.

Chegados a Ávila pensamos que talvez tivesse interesse visitar aquilo, mas como andávamos pelo talvez continuamos a nossa caminhada até Salamanca, ali era certo que parávamos, a fome começava a aparecer.

A estrada era como sempre boa, o movimento não era nenhum, a policia não se via, mantínhamos a nossa velocidade. Já bem próximos de Salamanca víamos aves, não sei se eram Milhafres, se eram, não estavam feridos na asa, ou se eram águias, lá que eram grandes , lá isso eram. Houve um que fez um voo picado, veio à estrada apanhar algo, não vi o que foi, era bonito filmar aquilo, só que o homem das filmagens estava agarrado ao volante.

Chegamos a Salamanca, é uma cidade pequena e que fica a uma centena de km. da nossa ilustre pátria.

Portugueses abundam por estas paragens, já se tinha ido todo o encanto das férias.

Quando entramos na cidade, andamos a dar umas voltinhas à procura de um bom lugar para estacionar, estava difícil. Passamos na Praça de Espanha, deve existir em todas as cidades Espanholas, isso revela talvez um pouco falta de imaginação, são muito repetitivos.

Conseguimos arranjar um lugar para deixar a nossa viatura, ficava numa estreita rua do centro de Salamanca e à sombra, isso era importante, estava muito sol, um dia muito quente, era bom ficar à sombra.

Começamos a palmilhar o centro da cidade, é uma pequena cidade. Entramos num estabelecimento especializado em sandes, “Bocata World”. Estava quase vazio, também eram sensivelmente 16 horas. A rapariga que nos atendeu era muito interessante, trocava de boa vontade a sandes por ela. Voltei ás perguntas do costume, disse que não queria queijo, a sandes que eu tinha pedido por acaso levava, ela disse que tirava o queijo. Também tinha direito a sobremesa, só que das disponíveis eu não queira nenhuma, todas elas eram à base de leite, eram tipo iogurte, eu não queira mas ela “obrigou-me” a escolher uma, dizia ela para eu trazer porque estava pago, eu insistia que não queria, só o sorriso dela me convenceu, decidi trazer aquilo e depois deitar ao lixo.

Terminado o nosso almoço e lanche, demos uma volta pelas imediações. É uma pequena cidade mas interessante, merece uma visita mais cuidada e numa altura em que tem um ritmo de vida normal, desta vez pouca gente tinha, era Domingo.

Visitamos a Plaza Mayor lá do sítio, é uma praça grande, não como a de Madrid e muito degradada, aquilo com umas boas obras de restauro, ficava belíssimo. Tem ali um posto de turismo, não me podia vir embora sem trazer um mapa da cidade, o Miranda não quis nenhum.

Como o encanto das férias tinha terminado, agora quase que interessava chegar o mais depressa possível a casa, partimos de Salamanca quando o relógio passava pelas 16h30m.

O movimento na estrada começou a aumentar, voltamos a pensar nos velhotes. Os carros portugueses começavam a ser a maioria na estrada. Pouco depois deixamos Espanha para trás, abandonávamos a terra que nos acolheu nestas férias de 1997, agora talvez só no fim de semana da Páscoa, estamos a pensar passar uma semana em Sierra Nevada. Entramos neste cantinho à beira mar plantado como alguém se lembrou de dizer um dia.

Estávamos em Portugal, curiosamente e apesar de estarmos em terras bem conhecidas a condução tinha que ser diferente, é curioso mas é verdade, o civismo nas estradas espanholas existe, aqui não. Em Espanha pode-se fazer previsões quanto ao tempo de duração de uma viagem, aqui pode-se mas raramente dá certo.

Eram 18 horas quando passamos na Guarda, tentei tirar uma foto à cidade desde a estrada, e tirei só que nestes casos sou especialista em fotografar os postes, acho que apanhei um quando disparei. Voltamos a lembrar os velhotes, seria ali que eles deixavam a IP5, pensamos que seria aquele o caminho que eles levavam para regressar à Covilhã. Telefonei para casa, falei com a minha mãe, fiquei a saber que o meu pai estava doente.

Já tínhamos andado mais de três mil quilómetros, nunca tivemos nenhum problema, agora parecia que se estavam a juntar todos. A volta a Portugal tinha terminado, alguns carros de apoio das equipas estrangeiras passavam a grande velocidade no sentido contrário, no nosso não se andava assim, aquilo parecia um cortejo fúnebre.

Numa estrada daquelas por vezes aparecia um “domingueiro” que ia a baixa velocidade e a curtir a paisagem, formavam-se enormes filas. Aos poucos íamos passando, mas uma dessas ultrapassagens podia ter consequências trágicas, ao fazermos uma ultrapassagem ficamos quase de frente com uma moto, tentamos meter novamente na nossa faixa de rodagem, só que inexplicavelmente o gajo que seguia à nossa frente travou, porquê não sabemos, mas também logo que nos foi possível ultrapassar o gajo fizemos-lhe a vida negra.

Quando estávamos próximos de casa é que íamos ter problemas!. Foi um alivio quando deixamos a IP5 e entramos na auto estrada. Fizemos uma pequena paragem em Antuã, foi só o tempo para beber qualquer coisa, fomos em Pepsi, o tempo da cerveja tinha terminado em Salamanca. Para despedida voltamos a ouvir as nossas músicas, dos Delfins claro!, foi o “Hino do Amor”, “Através da Multidão” e “Ao passar o Navio”, mais se ouvia mas terminamos assim para ficar com aquele gostinho.

Quando cheguei a casa deviam ser perto de 20 horas, o carro estava com 59557 km. feitos, significa que durante estas férias andamos 3822 quilómetros, foi muito quilómetro andado em tão pouco tempo. Estava cansado, agora precisava de férias para descansar destas férias.

E estava terminada uma semana de férias, uma super semana de férias diga-se. Tenho mais três semanas, não sei quando as vou ter nem onde vou passar, certamente não passarei desta forma, mas espero que sejam boas. Até lá há que trabalhar.


segunda-feira, 30 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros IX

Sábado, 9 de Agosto de 1997.

Tivemos uma noite um pouco atribulada, o telefone interrompeu o nosso descanso, logo esta noite!.

Depois do banho deixamos tudo pronto para partir logo após o pequeno almoço.

Encontramos os velhotes no pequeno almoço, eles pensavam que íamos partir mais tarde. Tomamos o dito, eu pouco comi, nestas ocasiões em que não tenho as coisas bem definidas, perco um pouco o apetite e fico um pouco nervoso. Eles não, comiam com todo o apetite.

Voltamos a repetir a cena da despedida, desta era de vez, não combinamos um possível encontro em Madrid, aconselharam-nos foi a visitar alguns locais.

Subimos ao quarto para apanhar os sacos, quando descemos eles já tinham partido. Na recepção estava a minha amiga, entregamos a chave do cofre e recebi mil pesetas, despedimo-nos com um “Adios”, até qualquer dia.

O carro estava no parque em frente ao hotel, quando entramos fomos pagar e de seguida fomos colocar os sacos na mala do carro. O Miranda fez o que nunca costuma fazer, meter a chave do carro na mala, eu vi mas não dei importância. Tínhamos os sacos devidamente acondicionados na mala, o Miranda fechou a mala, foi o inicio de grandes dores de cabeça, a chave tinha ficado na mala e o carro estava fechado. Sentimo-nos perdidos, por momentos ficamos sem saber o que fazer, bloqueamos por completo, não conseguíamos pensar, estava completamente perdido e demasiado nervoso. O Miranda telefonou para o pai dele, claro que o pai pouco podia dizer, a única coisa que disse é que tentasse estragar o menos possível, pensamos partir um vidro, já imaginava fazer a viagem directa para o Porto, seria uma loucura. Fomos falar com o rapaz que estava na recepção, ele já nos conhecia. Logo que lhe explicamos a situação ele foi chamar um velhote que andava a regar o parque, estávamos demasiado nervosos para fazer o que quer que fosse. Depois do velhote se inteirar da situação, foi buscar uns materiais para tentar abrir a porta do carro. Quando regressou trazia um ferro e um arame. Meteu o ferro para tentar abrir espaço na porta, queria meter o arame para tentar engatar no pino que tranca a porta, estava difícil, o carro a ficar arranhado, felizmente era só por dentro. Após várias tentativas, eis que o homem consegue engatar o arame no pino, só que na altura em que puxava o arame, o pino soltava-se, era preciso apertar um pouco o nó do arame, tirou-se tudo fora, nova tentativa. Finalmente conseguiu-se engatar o ferro no pino, quando se puxou o arame e o pino subiu, foi um respirar fundo, tínhamos as portas abertas, nem sabíamos como agradecer ao homem, apenas demos mil pesetas. Foi o fim de um pesadelo, não sabíamos como resolver a situação se não fosse o velhote. Apesar de tudo aquilo ser relativamente rápido uma hora tinha passado. Estávamos demasiado confusos, era preciso atinar rapidamente, tínhamos umas centenas de km. pela frente e tínhamos que ter muito atenção na estrada.

O Miranda telefonou para o pai dele a dizer que a situação estava resolvida, a porta não tinha nenhum problema pelo menos que fosse visível, a única coisa visível era o carro arranhado mas só se via quando se abria a porta, fomos felizes nesse aspecto, podia ser pior. O homem foi espectacular.

Eram 9h30m. quando finalmente decidimos partir, ao despedirmo-nos do gajo da recepção dizia ele que estávamos com “mala pata”, esperávamos que ela ali ficasse. O carro já tinha 58 233 km. O dia prometia ser quente, nós já estávamos a ferver, era preciso acalmar.

Metemos uma boa música para relaxar, começamos por ouvir o Luís Represas, com a música Feiticeira, logo de seguida ouvimos os Delfins, é a nossa música das viagens, tem sido a nossa fiel companheira na estrada, ambos gostamos dos Delfins e das mesmas músicas, estamos bem sintonizados. O movimento por enquanto não era nada de especial, no entanto aguardávamos complicações lá mais para a frente.

Logo que entramos na A7, o movimento aumentou imenso, aqui sim já se via muita gente com os carros cheios de malas, uns partiam outros chegavam.

Junto a Martorell, voltamos a ter os problemas que tínhamos tido quando aqui chegamos, pensamos que talvez fosse outro acidente, mas não, fomos andando muito devagar, mas não se via nada que justificasse. Abandonamos a auto estrada logo à frente, o caminho até Saragoça era o mesmo que tínhamos feito quando para cá viemos, a estrada era a mesma a NII, só que desta vez íamos nela até Madrid. Algures depois de Monserrat paramos para abastecer o carro, estava a ficar com o depósito vazio, atestamos. Voltamos à estrada. Algumas diferenças existiam em relação à nossa última passagem por estas zonas, havia muito mais movimento e muito mais policia, tínhamos que ter algum cuidado adicional.

Uma centena de km. faltava para chegar a Saragoça quando vimos uns carros parados na estrada, na passagem deu para ver que uma mulher estava a fazer as necessidades dela, ela tanto se tentava esconder que mostrava tudo. Paramos já na periferia de Saragoça, fomos a um bar na estrada comer qualquer coisa, o estômago começava a dar sinais de insatisfação. Entramos no dito estabelecimento, tinha uma sala de refeições, tinha lá pessoal a comer, nós não íamos para aí, estávamos a pensar em comer umas sandes. Pedimos uns “bocadillos” de salsicha, pensei que fosse mais pequeno, fartei-me de comer e ainda deixei quase metade, bebi duas cervejas e estava pronto a continuar a viagem, só faltava pagar, foi com visa. A empregada era uma rapariga nova, bonita mas um pouco obesa.

Começamos a pensar que ainda íamos encontrar os velhotes, não nesta fase mas depois de passar Saragoça, e só depois disso porque pensamos que eles vinham pela auto estrada, nós não viemos mas andamos bem e poupamos umas coroas.

Desta vez passamos por fora de Saragoça, entramos num troço de auto estrada que é gratuito, era de aproveitar, esse troço de auto estrada faz parte da NII e depois de passar Saragoça começa uma auto via que liga Saragoça a Madrid, era por aqui que pensávamos encontrar os velhotes, apesar de terem saído com uma hora de avanço em relação a nós.

O calor apertava , a sede despertava e a paisagem dava sono, é demasiado monótona, torna-se perigoso fazer aquilo sozinho. Por vezes eu quase adormecia, tentei de tudo para me manter acordado, bebia água, falava e até tirei os óculos de sol para com a claridade tentar despertar, de nada valia, o Miranda estava a ficar igual, tivemos que parar dois a três minutos, pelo menos quebrou o ritmo, dessa forma despertamos. Ainda não tínhamos visto nenhum acidente até ao momento, não queríamos que o primeiro que víssemos, nós estivéssemos envolvidos.



Tossa De Mar - Encontros e Desencontros IX ( II )


Depois da paragem ficamos muito melhor, dos velhotes é que não havia sinal, eu dizia ao Miranda que era impossível eles estarem para a frente, ele dizia que talvez estivessem, não acreditava.

Voltamos a parar, desta vez próximo de Guadalajara, fica relativamente próximo de Madrid, pouco tempo paramos, foi num posto de combustível, não foi por causa do carro foi por nossa causa. O Miranda queria ir à casinha e beber alguma coisa, eu só queria beber, tiramos umas colas na máquina que lá tinha.

Já se sentia o cheiro de Madrid, o movimento era intenso na estrada, um pouco antes de nós partiu do posto de gasolina um grupo de cinco Mercedes, eram só velhotes e tinham matricula belga. Ainda estávamos nós no posto quando chegou um Honda Civic com portugueses. Nós partimos, a velocidade era menor, o movimento era muito, aos poucos os montes e vales desprovidos de vegetação foram dando lugar a zonas residenciais, já estava à entrada de Madrid, víamos alguns aviões a levantar, vimos que íamos passar junto do aeroporto.

Estávamos bem próximo do aeroporto, quando vi um avião a levantar voo, estava a olhar para o avião, e a recordar as minhas viagens naquele meio de transporte, adoro o momento em que ele perde o contacto com o solo, quando as minhas recordações foram interrompidas pela voz meia atrapalhada do Miranda, dizia ele” olha um acidente!”, eu quase nada vi, aquilo ali era a Av. América, já estávamos em Madrid, a estrada é como uma auto estrada, tem três faixas de rodagem em cada sentido e a separar as faixas dos dois sentidos tem um pequeno muro de betão. O acidente era no sentido oposto, quando olhei quase que via uma acidente que não o que o Miranda tinha dito, e este seria no nosso sentido. Um gajo sai da faixa mais à esquerda e faz uma diagonal para poder sair logo mais à frente, fez uma tangente a um dos Mercedes que tinham partido à nossa frente e ali iam cheios de calma. Felizmente nada se passou, tudo isto foi muito rápido, de tal forma que quando olhei para o acidente a que o Miranda se referia ainda vi uma roda a saltar para a nossa faixa, estávamos distanciados do acidente cerca de duzentos metros. Não apanhou nenhum carro, se apanhasse não sei o que aconteceria. Os carros começaram logo a parar, nós apenas reduzimos a velocidade. Vimos pessoal de telemóvel a chamar os bombeiros, pelo menos assim pensamos.

Quando passamos junto ao local do acidente, vimos um carro encostado ao muro de betão totalmente destruído e parecia ter alguém lá dentro, cá fora tinha alguns carros todos amassados e bem juntos, tinha sido um choque em cadeia e aquele ficou ali entalado, estava também uma mulher em estado de choque, no nosso lado a estrada para além da roda estava cheia de destroços daquele ou dos outros carros, foi um acidente como costumo dizer de arrepiar os cabelos do cu.

Continuamos a nossa caminhada, como era sábado o movimento dentro da cidade não era muito, andávamos à vontade e perdidos. Demos várias voltas, nós queríamos ir para as Puertas del Sol, o pai do Miranda aconselhou-nos ficar aí, só que não víamos nada, nem um posto de turismo.

A única vez que tinha passado aqui tinha ficado com uma impressão negativa, isto só estava contribuir para reforçar essa mesma ideia. Comecei a ver umas placas azuis que diziam “VP Via Preferente”, achei que seriam os principais caminhos da cidade, o Miranda dizia que não, continuamos a dar voltas à cidade. Lembrei-me de ir ao Corte Inglês comprar um mapa da cidade, estávamos na avenida Princesa. O Miranda ficou no carro enquanto eu entrei no edifício, como tinha um objectivo bem definido, não me demorei, comprei o mapa e um livro com os parques de campismo franceses, era do ano de 1996, mas já servia e era muito mais barato que o de 1997. Paguei e saí de imediato. O Miranda tinha estacionado o carro mesmo à frente de uma limusina, parecia haver casamento numa pequena igreja que existe ali.